segunda-feira, 23 de maio de 2011

POSTAGEM INAUGURAL

Caros amigos,
Quando o Guilherme me convidou para ser um dos parceiros na construção deste blog senti um misto de alegria e medo. Afinal é um reconhecimento da pequena ajuda que de alguma forma dei a ele, sejam pelos exemplos ou pelos conselhos, já que a lesão dele se deu há menos tempo que a minha. O medo vem da consciência das responsabilidades em tornar menos penosas a vida dos tetras, principalmente daqueles que se lesionaram há pouco tempo.
Minha tarefa neste blog será a de falar das adaptações que facilitam nossa vida no dia-a-dia, mas como postagem inicial gostaria de tratar de uma questão muito delicada e muito importante para quem acabou de se lesionar e também para sua família: como ajudar.
Nesse primeiro momento os que nos amam, procuram de toda forma “minimizar” o nosso sofrimento e acabam por querer nos fazer tudo. É claro que os tetras com lesões mais altas (C1, C2, C3 e C4) possuem limitações físicas muito maiores, mas aqueles que conservaram algum movimento (C5, C6, C7 e C8) são capazes de desenvolver habilidades que às vezes nos parecem impossíveis. E nesse caso a família tem um importante papel em potencializar e incentivar o nosso desenvolvimento.
Gostaria de citar o caso de um grande amigo e grande exemplo para quem o conhece: Iranildo Espíndola é um tetra de nível motor C8, isto é, tem os braços funcionais, mas uma grande limitação das mãos e tem uma vida totalmente independente, inclusive já morou sozinho. Ele dirige, trabalha (é atleta de profissão), viaja sozinho, cozinha, toma banho até de banheira e há pouco tempo se casou. O que o auxiliou muito na sua independência foi justamente sua situação familiar. A família morava em outro estado e ele dividia o apartamento com um amigo que trabalhava e nas horas de folga lhe dava algum auxílio. Dentro das suas necessidades ele se viu obrigado a se virar e me disse que certa vez quebrou alguns dentes abrindo a porta com a boca.
Por experiência sei que cada caso é um caso e que pessoas com níveis motores iguais não necessariamente desenvolvem habilidades iguais, mas são os casos de sucesso como do Iranildo que nos motivam a querer ir cada vez mais longe.
E vai o conselho para quem se torna cuidador de um tetra. Deixe ele se virar. Nada de empurrar a cadeira. Procure ajudá-lo o mínimo possível. O tetra vai ficar brabo, os familiares vão dizer que você o está maltratando, mas quando se passar alguns anos todos vão reconhecer e agradecer a sua iniciativa. Palavra de quem já passou por isso, mas a minha história conto depois.
“Força sempre”.
Aloisio Junior (Tetra C6/C7)


Nenhum comentário:

Postar um comentário